Para mim, começaram hoje as aulas. Contingências de horários. O N. também terminou as férias e amanhã recomeça a trabalhar. Abandonámos ambos o nosso "castelo altaneiro" ao mesmo tempo, fechámos o nosso pequeno refúgio a sete chaves que assim ficará até ao nosso próximo reencontro.
Malas feitas e arrumadas no carro, o N. deixou-me na escola e segui além Tejo. Ficou-me gravado na minha memória visual o adeus aos meu Pimento metade e ao meu Pimentinha que ficou a olhar para mim como quem pergunta "então não vens?". Abriu-se a porta da escola e enquanto entrava engolia o nó da garganta e as lágrimas dos olhos que teimavam em querer saltar.
Novo ano, nova entrada na escola, mais um passo em frente. Uma nova etapa a vários níveis. Entrei revestida de calma e uma armadura forte, pronta para qualquer embate possível.
O dia decorreu tranquilo e dentro da normalidade. As crianças não estavam excitadas como costuma acontecer depois de um período de férias, por isso, iniciei matéria nova, cumprindo assim a planificação prevista.
À última hora tive a turma da minha B. que, por motivos graves, mudou de escola. Foi tão estranho não a ter lá. Ver o lugar dela ocupado por outra criança, sentir a ausência do seu "ó teacher", das suas perguntas... Foi muito estranho e triste. Mas foi melhor assim. Ninguém merece o que se passou com ela.
Este podia ter sido um dia de muita tristeza para mim. A minha separação do N., o olhar do Pimentinha, o deixar de viver no meu "castelo altaneiro" com o meu meio pimento e o regressar à escola e sentir a ausência da minha B. e escrevo tudo isto com um nó na garganta.
Mas eu escolho não ficar triste. Eu sou capaz de superar esta emoção que me arrasa. Eu escolhi não me deixar ir abaixo por tudo isto. I could do it.
Comecei a semana a cem à hora. E com a pressa e a "aceleração", os nervos também apareceram. Mal acordei na segunda-feira, foi começar a fazer imensas coisas a velocidade cruzeiro. Várias solicitações ao mesmo tempo e eu a ter de "esticar" para todos os lados.
A semana toda continuou assim: acelerada e com bastantes coisas a fazer. Não me queixo do trabalho porque gosto de trabalhar. Gosto de fazer as coisas que faço. Gosto de fazer as coisas relacionadas com as minhas aulas, gosto de fazer o meu artesanato, gosto de me dedicar as estas coisas que me dão prazer.
E com o fim-de-semana à porta e a semana no fim, conforme o dia tem vindo a terminar, uma angústia tem-se vindo a instalar cá dentro, no meu âmago, Não sei explicar o porquê. Não me aconteceu nada de especial e concreto para me sentir assim. Mas sinto. Angiustiada e com uma leve dor de cabeça latente.
Será esta angústia motivada pelos erros dos outros que depois também sobram pra mim? e com isto eu não quero de dizer que não erro. Erro tanto como qualquer outro ser humano.
Será pela minha questão financeira, que não consigue dar-me paz e deescanso mas sim uma preocupação constante e uma tentativa esforçada de não me deixar cair no redemoinho do pânico?
Será por sentir que nunca se lembram de mim para participar nas atividades lúdicas da escola porque "não estou presente nas reuniões" (palavras de uma colega) marcadas para este efeito?
O motivo concreto não o sei, não o consigo identificar neste mar de preocupações que é a minha vida. A verdade é que me sinto assim: angustiada, "sem nada", vazia.
Tenho vontade de escrever mas sinto-me inábil para o fazer. Penso muito, reflicto bastante e observo ainda mais…
Os temas de escrita pululam como folhas ao vento.
Contudo, sempre que junto a caneta ao papel, não gosto das palavras que se desenham na brancura da folha, não gosto da sua aliança, nem do sentido que evocam.
As ideias parecem ter adquirido vida própria e são elas que traçam o rumo que mais lhes apetece. Não sou eu que as conduzo mas sim elas que definem qual o caminho a percorrer. E por mais caminhos que vagueiem, o ponto de chegada é sempre o mesmo: o velho cais das emoções.
Não me apetece retratar o velho cais, nem tampouco pincelar a sua paisagem de tons pastéis. Jazem aí pequenos seixos da minha vida que, depois de terem saltitado à superfície da água, se deixaram afundar calmamente, em repouso.
Alguns foram arrastados, sem paradeiro, pelas correntes do rio; outros permanecem indeléveis na obscuridade do fundo do rio, suportando as correntes, aperfeiçoando a sua forma com a passagem da água.
Agora é tempo de apreciar e usufruir o despontar daquele belo raio de sol que, timidamente, procura o seu caminho por entre a neblina ténue e fresca. Acolhê-lo como ao nascimento de uma criança e esperar que o seu calor nos abrace e ilumine o percurso.
Às vezes, no silêncio da noite Eu fico imaginando nós dois Eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois
por que você me deixa tão solto? por que você não cola em mim? Tô me sentindo muito sozinho!
Não sou nem quero ser o seu dono É que um carinho às vezes cai bem Eu tenho meus segredos e planos secretos só abro pra você mais ninguém por que você me esquece e some? e se eu me interessar por alguém? e se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta é claro que a gente cuida fala que me ama só que é da boca pra fora ou você me engana ou não está madura onde está você agora?
Quando a gente gosta é claro que a gente cuida fala que me ama só que é da boca pra fora ou você me engana ou não está madura onde está você agora?